40) “Foundations”
Kate Nash
Quem pode culpá-las? Elas cresceram ouvindo Spice Girls e assistindo Sex & The City. Aí aprenderam a tocar violão. E sobrou para nós, homens, aguentar dezenas de canções de dezenas de garotas diferentes sobre como nós somos uns babacas. Como pop, “Foundations” é adorável, mas como ato de repúdio dá saudade do tempo em que só existia a PJ Harvey.

39) “Sipping on sweet nectar”
Jens Lekman

Na sua jornada para se tornar o Sinitra indie, Jens Lekman faz uma parada acertada no tempo. Sai a mistura entre o indie pop noventista (Belle And Sebastian, Magnectic Fields) e o cancioneiro clássico dos 50, para entrar de pé no momento fugidio entre os singles da Motown dos 60’s e a disco-music dos 70’s. (Indie) Pop clássico para fãs de Camera Obscura e Bee Gees.

38) “I taught myself how to grow old”

Ryan Adams
Canção-chave de “Easy Tiger”, “I taught myself how to grow old” flagra o melhor compositor de sua geração no momento exato em que esse reaprendeu a sobreviver, depois de experimentar o colapso. No escuro, a gaita chorosa vai dando espaço a um violão tímido, para então servir de cama para o vocal emocionado de Adams, nos conduzindo à claridade branda da sua maturidade. Ryan está de volta, brilhante como sempre.
37) “Apenas leia”
Superguidis

Amarando as pontas soltas entre o indie velho (aquela guitarra do Dinosaur Jr. ou do Guided By Voices) e o indie novo (na levada do Rakes ou do Wombats), o Superguidis fez em “Apenas leia” um tratado de poucas palavras sobre se cansar de bater nas mesmas portas fechadas e falar aquelas coisas legais para quem não quer te ouvir. No mais, não perca a vida toda usando wellaton.

36) “Blood red blood”

Voxtrot
“Oh I’m just trying to do my best / I’m not afraid of life, I’m afraid of death / build my love in the things I say / you’ve gotta lift your face to the breaking day”. São poucas as bandas que conseguiriam transformar em emoção sincera a pieguice do refrão acima. E uma delas é o Voxtrot. Não há cinismo nem ironia na voz de Ramesh Srivastava e isso, apoiado nas suas belas melodias, é talvez o que faça o Voxtrot uma das melhores bandas atuais.

35) “Someone great”

LCD Soundsystem
Você olha pro vazio. Vai buscar água e a geladeira parece ser a única coisa que fazer sentido. A melhor música possível é a da água fria do chuveiro caindo sobre sua cabeça. Aquele velho seriado idiota na TV serve para te fazer esquecer daquelas frase de climáx de comédia romântica que você gostaria ter soltado na noite passada. Seu mundo não acabou, mas, por hoje, qualquer sentido que ela podia ter, se foi. Juntando as pontas soltas entre o synth pop oitentista e a eletrônica minimalista, James Murphy encapsulou toda a desolação da fossa num única música. E ainda tem gente que diz que não há alma na música eletrônica.

34) “Our life is not a movie or maybe” MP3

Okkervil River
Esse single arrebatador que antecedeu o quarto disco dos americanos do Okkervil River é um grande paradoxo. Num efeito brilhante, a letra diz que nossas vidas são filmes ruins, sem climáx e beijo romântico no final, enquanto o instrumental ecoa Bruce Springsteen e a voz emocionada de Will Sheff aparece épica como num grande clássico hollywoodiano. Simples e catártica.

33) “Us placers” MP3

CRS
Essa é daquelas “não tinha como dar errado”. O CRS – Child Rebellion Soldiers ou Chicago Runs Sheet – é na verdade a junção dos três melhores rappers desses tempos, Kanye west + Lupe Fiasco + Pharell. A mania de colaboração é coisa velha no pop americano, mas ás vezes produz maravilhas como essa. Não bastasse o flow perfeito dos três, “Us placers” é basicamente uma reconstrução de “The eraser”, faixa-título e obra-prima do álbum solo de Thom Yorke.

32) “The past is a grotesque animal” MP3
Of Montreal
O Bowie paranóico e invetivo de Berlin tendo como banda de apoio os Flaming Lips se os Flaming Lips tocassem synth pop oitentista fuleiro. Essa base repetitiva e maravilhosa fazendo cama para uma letra que parece de um Morrissey com problemas hiper-grafia ou um Pete Wentz, se esse tivesse lido algum livro além de Harry Potter. O Of Montreal é freak desse jeito, mas como nenhuma outra banda atual, eles conseguem transformar toda essa estranheza em algo brilhante e emocionalmente devastador.

31) “Umbrella” MP3
Rihanna feat. Jay-Z

Não se engane, por trás do sorriso maroto (ha!) e das curvas cuidadosamente esculpidas, existe muita esperteza – ou pelo menos um bom assessor. Depois de samplear Soft Cell (óbvio, mas eficiente) e meter medo na Beyoncé com a maravilhosa “S.O.S.” (2006), Rihanna chamou Jay-Z “na chincha” para tomar de assalto as paradas do mundo inteiro. E fez isso da maneira mais estranha possível. “Umbrella” passa longe de uma hit song comum, é fria, dark, e com um batimento seco e lento. No fim das contas, soa como uma canção do Public Enemy produzida pelo Martin Henett, com uma letra de electro paranóico (que a Kylie Minogue daria os dentes para ter gravado) que caí perfeita na cama de sintetisadores ecoando as fases mais ecuras do Depeche Mode. Como eu disse, não se engane: “Umbrella” é pop perfeito, mas não da maneira que estamos acostumados.

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