60) “Kingdom of doom”
The Good, The Bad & The Queen

Exímio apropriador de estéticas, Damon Albarn escolheu 2007 para lançar sua visão sobre o neo-folk americano. Bem acompanhado como sempre, Albarn dá ares londrinos e pós-apocalípticos ao que tem rolado de melhor do outro lado da poça em “Kingdom of doom”, o grande momento desse novo projeto. Juntando folk anárquico do Animal Collective com o space-rock orquestral tipicamente britânico, pelo qual sua antiga banda (ou projeto?) já tinha passeado (“The universal”, “Far out”), Damon conseguiu saciar parte das expectativas que cercavam o The Good, The Bad & The Queen. É o caso de aguardar seu próximo movimento.

59) “Blush”
The Raveonettes
Para os Raveonettes, quanto mais velho, melhor. Aqui os suecos juntam uma demo perdida de alguma produção do Phil Spector (algo bem 63) com a barulheira saída do pedal estragado que Willian Reid usou no primeiro disco do Jesus And Mary Chain (lá de 85) para criar o melhor momento de “Lust Lust Lust”, seu quarto disco. O bem e velho pop, doce, ruidoso e emocionante.

58) “Myriad Harbour”
The New Pornographers

O ‘comando’ dos Pornographers pode até ser do Carl Newman, mas não dá para negar que as composições do Dan Bejar costumam ser pequenas pérolas espalhadas pelos quatro discos do grupo. Em “Challengers”, último disco dos canadenses, Bejar nos presenteou com esse pequeno épico sobre Nova Iorque, recheado daquelas investigações melódicas e harmônicas do grupo, coisa todo fã de power pop tanto adora.

57) “Protection
Liars
Depois do maluco e sensacional “Drum’s Not Dead”, a última que coisa que podia passar nas nossas cabeças era que o Liars iria fechar seu próximo álbum com uma balada sobre um amor passado. Pois é isso. A bateria repetitiva e o teclado quase espacial fazem cama para os versos encharcados de melacolia e beleza do vocalista Angus Andrew.

56) “Superstar”
Lupe Fiasco feat. Matthew Santos
“Superstar” é quase um resumo dos dois discos do rapper de Chicago. De um lado, a letra feroz discordando com o atual modelo de starsystem do hip hop americano. Do outro, um senso melódico sem igual, que é ao mesmo tempo drasticamente diferente de toda produção do gênero, mas com apelo radiofônico igual a um 50 Cent. Coisa de gênio.

55) “James Bonde”

Bonde Do Rolê

Quem pode culpá-los? O trio curitibano foi mais esperto que toda uma geração de gente ‘antenada’ e venceu na pura picaretagem. Pode até torcer o nariz, mas não negue o quanto você é estúpido de não ter pensado nisso antes. Agora, com bolsos cheios de hype e dinheiro, o Bonde Do Rolê encara a decadência como gente grande do pop – claro, fazendo um reality show! “James Bonde” é faixa mais cômica de “With Lasers”, pancadão que pode não ficar bem aqui no Brasil, mas no resto do mundo fez todo sentido. “Malandro é malandro, mané é mané”, já dizia Bezerra da Silva.
54) “Pogo”
Digitalism
Da Wikipédia: “The pogo is a dance where the dancers jump up and down, while remaining in the same location.” Pogar, na minha época, era coisa de metaleiro ou punk. Coisa de gente “do rock”. O Digitalism, dizem, é uma dupla de eletrônica alemã. Até aqui, nada de “do rock”. Só que eles tem uma música chamada “Pogo”, que é puro rock n’ roll de estádio com refrão grudento (e bateria eletrônica). Confuso? Se preocupa não, é só 2007.
53) “I got this down”
Simian Mobile Disco
O SMD pode até ter sido uma das cabeças pensantes por trás da new rave e de todo esse movimento “sem barreiras entre rock e eletrônica”, – a dupla era uma banda de rock até uns dois anos atrás – mas no seu primeiro disco cheio o que se viu foi o melhor revival do pop eletrônico raça-pura. “I got this down” é toda oitentista/noventista e deliciosa, meio New Order do “Technique”, com ecos de Depeche Mode e com vocais que são puro Underworld.
52) “Jigsaw falling into place”
Radiohead
Depois do paque-o-quanto-quiser, a expectativa sobre “In Rainbows” deixou de ser musical para descambar para o lado comercial da coisa. Mas na sombra do it’s-up-to-you, havia grandes canções. Escolhida como primeiro single do álbum, “Jigsaw falling into place” é drasticamente diferente do que se esperaria do Radiohead nesses dias (uma banda de space-rock eletrônico tocando um punk-folk com coral gótico?), mas, de novo, magnífica e desafiadora como eles vêm fazendo todo esse tempo.

51) “The year before the year 2000”
Les Savy Fav
E o mundo não acabou na virada dos anos 2000. Mas, aceite, há muito pouca coisa para se agarar nesses dias de cataclisma ecológico e guerra na porta de casa. Talvez por isso, o hedonismo seja a cara dos anos 2000. Como se a festa de 31 de dezembro de 1999 tivesse que continuar até o fim do mundo, “The year before the year 2000” é puro rock n’ roll descompromissado, cheio de energia, para se acabar na pista. So let’s party like 1999! 1999! 1999 alright!

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Antes: Melhores Músicas de 2007: 70-61
Depois: Melhores Músicas de 2007: 50-41

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