“Shortbus” (John Cameron Mitchell, 2006) – Nota: 7,5

Não era minha intenção ver esse de início (o plano era ver “Nome Próprio”, que foi fechado para convidados). Acabei encaixando esse, e por mais que todo aquele sexo explícito projetado na tela pudesse, o diretor foi inteligente o suficiente para usar esse excesso como um meio e não como um fim. Aquelas pessoas estão frustradas com tudo, e o sexo é uma dessa coisas. Claro que lá pelo meio do filme cansa um pouco, chegando a ficar gratuito, mas é um grande filme por saber usar o sexo não apenas como um elemento pra chocar, como na maioria dos filmes americanos.

“Garçonete” (Adrienne Shelly, 2007) – Nota: 1,0

O filme está sendo vendido (junto com vários outros) como o novo “Little Miss Sunshine”, numa tentativa de repetir o sucesso daquela peróla que encantou a todos anos passado e só não levou o Oscar pela monstruosa dívida que a Academia tinha com Scorcese. Mas então, é o novo “little Miss Sunshine”? Não. Nunca. Nem a pau. O filme é uma típica fábula hollywoodiana, com final feliz e edificante, uma mocinha bonitinha e sofredora, além uma trilha sonora que deixa muito a desejar. Só faltou a Julia Roberts, a Meg Ryan ou uma similar mais jovem. Salvam-se alguns poucos diálogos (ácidos e quase-engraçados) e todas as cenas que aparecem tortas que dão uma fome de doer a barriga. No mais, passe bem longe quando chegar aos cinemas.

“Onde Andará Dulce Veiga?” (Guilherme de Almeida Prado, 2007) – Nota: Zero

Constrangedor. Caio Fernando Abreu está se torcendo no túmulo. Não que eu seja um daqueles que acha abominável qualquer adaptação de literatura para cinema, mas o que fizeram nesse caso é coisa de mandar prender, contar as duas mãos e furar os dois olhos. Transformaram uma grande história sobre solidão, num noir de quinta, só que ao invés do preto e branco, a nossa retina é distraída por uma direção de arte e fotografia que parece saída de um especial da Globo, ou um daqueles filmes da Xuxa do começo dos anos 90 (“Xuxa contra o baixo-astral”, lembra?). Eriberto Leão prova que só serve como escada em alguma novela do Carlos Lombardi, além de usar uma versão piorada do cabelo do Tom Hanks em “Código da Vinci” (imagine isso!). Carolina Dieckman até se esforça pra se desvencilhar da imagem pura e cândida que ganhou na TV (ela cheira, fuma, injeta heroína, paga peitinho, ‘canta’ punk,e outra coisas ‘radicais’), mas é só mais uma bonitinha e ordinária do horário nobre. O final do filme é um estupro brutal à obra. É tão constrangedor, mas tão constrangedor que é difícil de descrever. Enquanto no original, o personagem vai embora, sozinho, refletindo sobre a própria solidão, no filme há um musical com o mocinho beijando a mocinha debaixo da chuva. Cuidado Manoel Carlos, você está sendo roubado!

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